Cartas Ibéricas

Poema para Desirée

   Bailaste ao som das orquestras das multidões
   Ficaste presa às batidas tolas do meu coração,
   porém, te libertaste do ritmo quente do meu amor
   E eu fiquei a ver navios, estrelas, margaridas...
   e eu fiquei a ter pesadelos, versos bruscos, tolos...
  
   E tu te foste qual as naus errantes dos ibéricos,
   e tu te foste tranquila, como se trouxesses a razão...
   Porém tu não sabes, mas um dia saberás
   que tu és apenas a nau errante que caminha,
   enquanto eu sou o oceano em que navegas límpida
  
   Desconheces teu destino, que a tragará
   e a trará de volta aos meus caminhos,
                                 às minhas coisas,
   meus poemas tolos e às sinfônicas bruscas...
  
   Desgovernada, terá que retornar aos meus braços
   E eu te acolherei como se jamais houvesse partido
   E eu te recolherei qual nunca houvesse enlouquecido
   E eu te amarei como se estivéssemos longe há milênios...
 
   E, felizes, então, redescobriremos o destino escondido
                                                                   nas cartas
   (os diários de navegação já previam antes mesmo de nós):
   O futuro será ainda somente nosso.